Você já imaginou acordar com o som das ondas no litoral peruano, caminhar pelas ruas coloridas de Cartagena, se perder em mercados andinos no Peru ou contemplar o imenso Salar de Uyuni sob um céu estrelado? Um mochilão pela América do Sul não é apenas uma viagem — é uma transformação. É a chance de viver experiências autênticas, conhecer culturas vibrantes e descobrir muito sobre você mesmo(a) no caminho.
E o melhor? Esse sonho está mais acessível do que você imagina. Com planejamento inteligente, um bom orçamento e disposição para o inesperado, organizar um mochilão pela América do Sul é possível — e pode ser uma das decisões mais enriquecedoras da sua vida.
Neste guia completo, vamos te mostrar como planejar seu mochilão do zero, passo a passo. Desde a definição do roteiro até as dicas de segurança, orçamento, documentação e dicas práticas para aproveitar ao máximo cada país. Tudo com linguagem simples, dicas reais e um toque de inspiração para que você saia do papel e comece a planejar sua própria jornada.
Se você está pensando em embarcar nessa aventura, este artigo é seu mapa. Vamos juntos?
1. Defina Seu Objetivo e Estilo de Viagem
Antes de comprar passagens ou escolher destinos, é essencial perguntar: qual é o seu propósito nesse mochilão?
Viajar pela América do Sul pode significar muitas coisas. Para uns, é sobre natureza e trilhas — como o Caminho Inca até Machu Picchu ou o trekking na Patagônia. Para outros, é imersão cultural: aprender espanhol em Quito, dançar salsa em Cali ou provar comidas típicas em mercados locais. Há quem busque festas, como no Carnaval de Uruguai, ou quem queira apenas se desconectar do mundo digital e viver de forma simples.
Identificar seu estilo de viagem ajuda a escolher os destinos certos e evitar frustrações. Por exemplo, se você gosta de tranquilidade, talvez não queira passar muito tempo em cidades movimentadas como Buenos Aires. Já se adora adrenalina, não pode deixar de fora o rafting no Rio Futaleufú, no Chile.
Pense também na duração da viagem. Um mochilão de 3 meses exige um ritmo diferente de um de 6 semanas. Viagens mais longas permitem explorar com calma, enquanto as curtas exigem planejamento mais focado.
Além disso, reflita sobre o tipo de hospedagem que prefere: hostels baratos, campings, couchsurfing ou até morar por alguns dias com locais? E quanto ao transporte? Prefere ônibus econômicos, caronas, bicicleta ou combinar com voos low-cost?
Definir esses pontos desde o início poupa tempo, dinheiro e estresse. É como traçar um norte antes de entrar na floresta — você ainda pode se desviar do caminho, mas sempre saberá onde quer chegar.
2. Escolha os Países e Monte um Roteiro Realista
A América do Sul tem 12 países independentes, cada um com sua identidade, paisagens e desafios. Escolher onde ir é uma das partes mais empolgantes — mas também exige bom senso.
Comece listando os países que mais te atraem. Os mais populares entre mochileiros são:
- Peru: Machu Picchu, Cusco, Lago Titicaca
- Colômbia: Cartagena, Medellín, Tayrona
- Bolívia: Salar de Uyuni, La Paz, Sucre
- Chile: Atacama, Patagônia, Santiago
- Argentina: Buenos Aires, Bariloche, Mendoza
- Brasil: Rio de Janeiro, Salvador, Amazônia
- Equador: Galápagos, Quito, vulcões andinos
Mas atenção: quanto mais países, mais tempo e dinheiro você precisará. Um erro comum é querer visitar tudo em poucas semanas. O resultado? Cansaço, estresse e pouco aproveitamento.
Uma estratégia inteligente é escolher uma rota geográfica lógica. Por exemplo:
- Rota Andina: Colômbia → Equador → Peru → Bolívia → Chile → Argentina
- Rota do Sol: Brasil (Nordeste) → Uruguai → Argentina → Chile
- Rota da Natureza: Chile (Patagônia) → Argentina → Brasil (Foz do Iguaçu)
Dê preferência a países vizinhos para reduzir tempo e custo de deslocamento. Além disso, pesquise as épocas ideais para visitar cada lugar. O verão no hemisfério sul (dezembro a março) é ótimo para o sul do continente, mas pode ser chuvoso na Amazônia. Já o inverno (junho a agosto) é perfeito para o Atacama e Machu Picchu, mas frio na Patagônia.
Use ferramentas como o Google Maps para visualizar distâncias e o Rome2Rio para comparar meios de transporte. Planeje passar no mínimo 3 a 5 dias em cada destino principal — isso evita a sensação de correria.
Lembre-se: menos é mais. Melhor conhecer bem 5 países do que passar 2 dias em 10.
3. Planeje seu Orçamento com Realismo

Um dos maiores medos de quem quer fazer um mochilão é o dinheiro. A boa notícia? É possível viajar pela América do Sul gastando pouco — mas é preciso planejar.
Primeiro, defina seu orçamento diário. Na região, mochileiros costumam gastar entre R$ 100 e R$ 250 por dia, dependendo do país e do estilo de viagem. Veja uma média por país (valores em reais, por dia):
- Bolívia e Peru: R$ 100 – R$ 150
- Colômbia e Equador: R$ 130 – R$ 180
- Chile e Argentina: R$ 180 – R$ 250
- Brasil e Uruguai: R$ 200 – R$ 300
Esse valor cobre hospedagem (hostel), alimentação (restaurantes simples e feiras), transporte local e pequenas atrações. Não inclui passagens aéreas, seguro viagem ou atividades caras (como trekking com agência).
Agora, some os dias da viagem. Exemplo: 90 dias x R$ 180 = R$ 16.200. Adicione um fundo de emergência de 20% (R$ 3.240) e você terá um orçamento total de R$ 19.440.
Para economizar:
- Cozinhe suas refeições em hostels com cozinha compartilhada.
- Use transporte público em vez de táxi.
- Viaje de ônibus noturno — economiza uma noite de hostel.
- Negocie passeios com guias locais, em vez de agências.
- Evite áreas turísticas caras para comer ou beber.
Além disso, considere fontes de renda durante a viagem. Muitos mochileiros fazem:
- Trabalho voluntário (em hostels, fazendas ou ONGs)
- Freelance online (redação, design, tradução)
- Casa para troca (cuidar de casa em troca de hospedagem)
O segredo é começar a poupar com antecedência. Corte gastos desnecessários, abra uma conta separada e acompanhe seus gastos com apps como Mobills ou Minhas Economias.
Lembre-se: orçamento não é prisão — é liberdade com responsabilidade. Quanto mais bem planejado, mais você poderá aproveitar.
4. Documentação, Vacinas e Seguro Viagem
Antes de sair do Brasil, nada é mais importante do que a documentação. Um erro aqui pode estragar toda a viagem.
Primeiro, verifique se seu passaporte tem validade mínima de 6 meses após a data de retorno. Alguns países exigem isso, e companhias aéreas podem negar embarque.
A boa notícia é que a maioria dos países da América do Sul não exige visto para brasileiros. Isso inclui:
- Argentina
- Chile
- Peru
- Colômbia
- Equador
- Uruguai
- Paraguai
Já Bolívia e Venezuela exigem visto, mas é possível obtê-lo na fronteira por um valor simbólico (cerca de US$ 30 a US$ 50).
Em relação às vacinas, a febre amarela é obrigatória para entrada em alguns países, como Peru e Bolívia. Leve seu Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) — exigido em postos de fronteira.
Outras vacinas recomendadas (não obrigatórias, mas importantes):
- Hepatite A
- Tétano
- Raiva (se for entrar em áreas rurais)
Consulte um centro de orientação ao viajante (como o da ANVISA) antes de viajar.
Agora, o item mais subestimado: seguro viagem.
Muitos pensam que “não vou precisar”, mas um acidente, uma doença ou um furto podem gerar custos altíssimos. Um seguro básico custa cerca de R$ 30 a R$ 50 por semana e cobre:
- Despesas médicas
- Repatriação
- Perda de bagagem
- Cancelamento de voos
Contrate com empresas confiáveis como Seguros Promo, Affinity ou World Nomads.
Por fim, faça cópias digitais de todos os documentos (passaporte, RG, visto, seguro) e salve em nuvem. Imprima uma cópia extra e deixe com alguém de confiança no Brasil.
5. Prepare sua Mochila: O Que Levar e o Que Deixar Para Trás
Aqui está um segredo de ouro: quanto menos você levar, mais livre você será.
Mochilar não é sobre carregar tudo o que você pode usar, mas tudo o que você realmente precisa. Uma mochila com 40 a 50 litros é o ideal. Mais que isso vira peso desnecessário.
Separe seus itens em categorias:
Roupas (leve o básico):
- 3 camisetas
- 1 calça resistente
- 1 moletom ou casaco leve
- 1 roupa íntima por dia (ou menos, se lavar com frequência)
- 1 biquíni/maiô
- 1 par de tênis de caminhada
- 1 chinelo (para hostel e praia)
Dica: escolha roupas que sequem rápido e possam ser combinadas. Evite roupas pesadas ou de marca — você não está indo a um desfile.
Higiene e saúde:
- Escova e pasta de dente
- Sabonete em barra (mais prático)
- Shampoo sólido (economiza espaço)
- Toalha de microfibra (seca rápido)
- Repelente (obrigatório em áreas tropicais)
- Kit básico de primeiros socorros (curativos, dorflex, anti-inflamatório)
Eletrônicos:
- Carregador universal
- Bateria portátil
- Adaptador de tomada (os padrões variam entre países)
- Celular com chip internacional ou plano de dados
Documentos e dinheiro:
- Passaporte + cópias
- Dinheiro em espécie (dólares ou reais para emergência)
- Cartão de débito/crédito internacional
- Caderno de anotações ou diário de viagem
Itens proibidos na mochila?
- Muitos livros físicos (use e-book)
- Eletrônicos desnecessários (como secador de cabelo)
- Brinquedos, lembranças pesadas ou roupas de gala
E lembre-se: você pode comprar quase tudo no caminho. Se esquecer algo, não entre em pânico. A América do Sul é generosa com mochileiros.
6. Dicas de Segurança e Como se Virar nos Trinta
Viajar pela América do Sul é seguro — se você tomar cuidados básicos. Assim como em qualquer grande cidade do mundo, existem riscos, mas com bom senso, você evita problemas.
Dicas práticas de segurança:
- Nunca exiba objetos de valor (como câmeras caras ou joias) em locais movimentados.
- Use uma mochila com zíperes internos ou um cinto de dinheiro por baixo da roupa.
- Evite andar sozinho(a) à noite em áreas desconhecidas.
- Desative o Wi-Fi e Bluetooth automáticos para evitar roubos digitais.
- Não aceite bebidas de estranhos em festas ou bares.
Em ônibus noturnos, nunca durma com o celular ou passaporte no bolso de fora. Use um saquinho preso ao pescoço ou dentro da mochila, entre suas pernas.
Como se virar nos trinta?
- Aprenda frases básicas em espanhol (obrigado, onde fica…, quanto custa?). Mesmo em países de língua portuguesa, o espanhol ajuda muito.
- Use apps como Google Tradutor offline e Maps sem internet.
- Conheça outros viajantes. Hostels são ótimos para trocar dicas e até fazer dupla nas viagens.
- Confie na intuição. Se um lugar parecer estranho, vá embora.
E se perder? Fique calmo. Mostre o nome do hostel em um papel ou use o GPS do celular. A maioria das pessoas é solidária com turistas.
Por fim, tenha um plano B. Se um ônibus atrasar, se chover durante um passeio ou se você adoecer, tudo bem. O importante é seguir em frente.
Afinal, a beleza do mochilão está nos imprevistos — não apesar deles, mas por causa deles.
7. Vivência Cultural: Como se Conectar com os Locais

O maior tesouro de um mochilão não está nas paisagens — está nas pessoas.
Conhecer a cultura local vai muito além de tirar fotos. É sentar em um mercado, provar um prato feito pela vovó do dono da barraca, ou dançar forró em um boteco em Montevideo.
Para se conectar com os locais:
- Coma onde os moradores comem. Evite restaurantes turísticos.
- Participe de eventos comunitários — festas religiosas, feiras de artesanato, rodas de música.
- Aprenda uma música, uma dança ou uma expressão local. Você vai se surpreender com o sorriso que isso causa.
- Evite o turismo passivo. Em vez de apenas visitar Machu Picchu, entenda a história dos incas.
Outra dica poderosa: use o Couchsurfing. Não é só sobre hospedagem grátis — é sobre troca cultural. Muitos anfitriões levam você para passeios secretos, te apresentam amigos e te ensinam a cozinhar pratos típicos.
E se você tem medo de ser rejeitado? Comece devagar. Sorria, diga “bom dia” em espanhol, elogie algo (como a roupa ou o cachorro da pessoa). Pequenas gentilezas abrem portas.
Lembre-se: você não é só um turista — é um convidado. Mostre respeito pela cultura, evite comportamentos arrogantes e esteja aberto a aprender.
No final, serão essas conexões humanas que você vai lembrar — não o preço do hostel ou o atraso do ônibus.
Conclusão: Sua Aventura Está Só Começando
Organizar um mochilão pela América do Sul pode parecer desafiador no começo, mas cada passo dado — desde escolher o primeiro destino até fechar a mochila — é parte da jornada.
Você viu que é possível viajar com orçamento controlado, que segurança e diversão andam juntos, e que a verdadeira riqueza de uma viagem está nas pessoas que você conhece e nas versões de si mesmo(a) que descobre pelo caminho.
Agora, a bola está com você.
Não espere o “momento perfeito” — ele raramente chega. Comece com pequenos passos: pesquise um país, abra uma poupança, converse com alguém que já foi.
E quando você finalmente colocar os pés na estrada, saiba que cada desafio será uma lição, cada erro uma história para contar, e cada amanhecer em um novo lugar será um lembrete de que a vida é muito maior do que a rotina.
O mundo é seu mapa. A mochila, sua casa. E a aventura, só começa quando você decide ir.
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Fernando Oliveira é um entusiasta por viagens e gastronomia, explorando novos destinos e restaurantes em busca de experiências únicas. Apaixonado por liberdade financeira e alto desempenho, ele alia disciplina e curiosidade para viver de forma plena, cultivando hábitos que impulsionam seu crescimento pessoal e profissional enquanto desfruta do melhor que o mundo tem a oferecer.